Aproximadamente 275 milhões de pessoas fizeram o uso de drogas no mundo no último ano, sendo que mais de 36 milhões passaram por transtornos associados ao consumo de drogas, com base no Relatório Mundial sobre Drogas 2021. O documento foi publicado em 24 de junho de 2021, pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC).O
Relatório mostra que, durante os últimos 24 anos, a potência da cannabis teve um aumento de até quatro vezes em algumas partes do mundo. Apesar da porcentagem de jovens que perceberam a droga como prejudicial ter uma queda em até 40%, consistem em evidências de que o consumo da cannabis está ligado a uma variedade de danos à saúde. Os usuários que fazem o consumo a longo prazo, são os mais afetados nesses casos. “A menor percepção em relação aos riscos do uso de drogas tem sido associada
nas maiores taxas de consumo de drogas. As descobertas do Relatório Mundial sobre Drogas 2021 do UNODC tem como destaque a necessidade de encerrar a lacuna entre absorção e realidade para educar os adolescentes e salvaguardar a saúde pública”, afirma a diretora-executiva do UNODC, Ghada Waly.Campanha – O tema do Dia Internacional contra o Abuso e o Tráfico Ilícito de Drogas desse ano tem sido “Partilhe Fatos Sobre Drogas.
Salve Vidas.”, ressaltando a importância de fortificar a base de evidências e ter um aumento na conscientização pública para que a comunidade internacional, governos, sociedade civil, famílias e adolescentes possam ter decisões mais informadas, direcionar melhor os esforços para prevenção e tratatamentos ao uso de drogas, além de passar por cima os desafios mundiais das drogas”.Consumo em dados – Segundo o Relatório, a porcentagem de Δ9-THC — o principal componente psicoativo da cannabis
— aumentou cerca de 6% para mais de aproximadamente 11% na Europa, entre os anos de 2002 e 2019, e de aproximadamente 4% para 16% nos Estados Unidos, entre os anos de 1995-2019, enquanto a porcentagem de jovens que perceberam a cannabis como prejudicial caiu 40% nos Estados Unidos e 25% na Europa.Sendo assim, em algumas pesquisas com os profissionais de saúde em 77 países, um numero de aproximadamente 42% afirmaram que o uso da cannabis se tornou bem maior durante a pandemia. Um grande aumento no uso não medicinal de drogas farmacêuticas também foi visto no mesmo período.Embasamento científico
– Entre os anos de 2010 e 2019, o número de pessoas que fazem o uso de drogas aumentou 22%, em parte devido ao grande crescimento da população mundial. Com um suporte dificilmente nas mudanças demográficas, as projeções atuais indicam um aumento de 11% no número de indivíduos que fazem o uso de drogas globalmente até o ano de 2030 — e um grande aumento acentuado de aproximadamente 40% na África, justo ao seu rápido crescimento e população adolescentes.Com base nas as
últimas estimativas globais, os números apresentam que cerca de 5,5% da população entre 15 e 64 anos já fez o uso de drogas pelo menos uma vez no ano passado, enquanto 36,3 milhões de indivíduos, ou 13% do número total de pessoas que fazem o consumo de drogas, passam a sofrer de transtornos relacionados ao uso de drogas.Globalmente, estima-se que mais de 11 milhões de pessoas injetam drogas, metade das quais vivem com Hepatite C.
Os opióides continuam sendo os responsáveis pelo maior volume de doenças atribuídas ao uso de drogas.Os dois opioides farmacêuticos com maior utilização para o tratamento de pessoas com transtornos associados ao consumo deles, metadona e buprenorfina, têm se transformado cada vez mais disponíveis nas últimas duas décadas. A quantidade com disponibilidade para uso médico cresceu 6x (vezes) mais desde o ano de 1999, de 557 milhões de doses diárias para 3,317 milhões até o ano de 2019, mostrando que o tratamento farmacológico de base científica está ainda
cada vez mais disponível agora do que no passado.Dark Web – Os mercados de drogas na dark web apareceram há apenas uma década, mas os principais mercados tem um valor atualmente de pelo menos US$315 milhões em vendas ao ano. Embora essa seja somente uma fração de vendas globais de drogas, a grande tendência é crescer com um aumento de quatro vezes entre os anos de 2011 e meados do ano de 2017 e meados de 2017 até o ano de 2020.As rápidas inovações tecnológicas, aliadas à agilidade e adaptabilidade das pessoas que usam a nova plataforma para vender drogas ilícitas e outras substâncias, podem abrir um mercado global
onde todos os medicamentos estarão mais facilmente disponíveis e acessíveis em qualquer lugar. De acordo com o relatório, isso pode levar a mudanças aceleradas nos padrões de uso de drogas e ter um impacto na saúde pública.
Recuperação do mercado – O novo relatório apontou que o mercado de drogas retomou rapidamente as operações após a interrupção inicial da pandemia, o que desencadeou ou acelerou a explosão de certos movimentos de tráfico pré-existentes no mercado global de drogas. Isso inclui: aumentar o transporte de drogas ilícitas, aumentar a frequência das
rotas terrestres e fluviais usadas para o tráfico, aumentar o uso de jatos particulares para o tráfico de drogas e aumentar o uso de sistemas sem contato para entregar drogas aos usuários finais. A resiliência do mercado de drogas durante a pandemia demonstrou mais uma vez a capacidade dos traficantes de se adaptarem rapidamente a diferentes ambientes e situações.
O relato também mostra que as cadeias de fornecimento de cocaína para a Europa estão se variando, fazendo o custo beneficio menor e trazendo o aumento da qualidade, tendo como ameaça a Europa com uma maior expansão do mercado de cocaína. Isso provavelmente ampliará todos danos
potenciais causados pela substância química na região.O número de Novas Substâncias Psicoativas (NSP) emergentes no mercado global revelam que caiu aproximadamente de163 em 2013 para 71 em 2019. Isso reflete nas tendências na América do Norte, Europa e Ásia. Os resultados aparecem que os sistemas de controle nacionais e internacionais sendo assim conseguiram limitar a disseminação de NSP em países de maior renda, onde, há uma década, apareceram as primeiras substâncias
psicoativas.Novos desdobramentos – A COVID-19 fez inovações e ajustes nos serviços de prevenção e tratamento de drogas por meio de um modelo de prestação de serviços mais flexível. Devido à pandemia, muitos países introduziram ou expandiram os serviços de telemedicina, o que significa para os usuários de drogas que os profissionais de saúde podem agora fornecer consultas ou avaliações preliminares por telefone e usar sistemas eletrônicos para prescrever medicamentos controlados.
Mesmo que o impacto da COVID-19 no desafio das drogas não seja totalmente compreensível, a análise mostra que a pandemia trouxe muitas dificuldades econômicas crescentes, o que pode tornar o cultivo de drogas ilegais mais atrativo para as comunidades rurais vulneráveis. O impacto social da pandemia – causando aumento da desigualdade, pobreza e saúde mental, especialmente entre as populações já vulneráveis – representa fatores que podem levar a mais pessoas a consumir drogas.***Para ler o Relatório Mundial sobre Drogas 2021, acesse: https://wdr.unodc.org/O
Relatório Mundial sobre Drogas 2021 oferece uma visão global sobre a oferta e demanda de opioides, cocaína, cannabis, estimulantes do tipo anfetamina e Novas Substâncias Psicoativas (NSP), e ainda com o seu impacto na saúde, levando em conta os possíveis efeitos da pandemia de COVID-19.Fonte: UNODC